quarta-feira, 30 de abril de 2008

4. Acessibilidade em Hardware e Software | NEE

Vários foram os trabalhos que encontrei nesta área. Irei focar a minha atenção na exploração do tema relacionado com Acessibilidade em Software, devido à proximidade com o objecto de estudo.

De acordo com dados recolhidos no trabalho "Acessibilidade » Hardware e Software" elaborado por Danilo Fernandes e Helena Guimarães no âmbito da disciplina "Tecnologia da Comunicação Mutimédia", integrada no Mestrado Tecnologia Multimédia, pude retirar algumas conclusões importantes. O estudo realizado pelos alunos conta com dados adquiridos na Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP) por intermédio do Dr. António Silva, na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) por intermédio da Dra. Helena Lopes e no Serviço de Apoio ao Estudante com Deficiência da FLUP, através da Dra. Alice Ribeiro.

O conceito "Acessibilidade" significa, em sentido lato, "a possibilidade de acesso das pessoas com deficiência ao meio edificado público e privado, aos transportes e às tecnologias de comunicação e informação (no site do Secretariado Nacional para a Reabilitação e Integração das Pessoas com Deficiência)", como refere o estudo de Danilo Fernandes e Helena Guimarães. Em stricto senso, pessoa com deficiência é definida como a que, "em resultado da conjugação de uma anomalia ou perda das funções ou estruturas do corpo, incluindo as psicológicas, com o meio envolvente, enfrenta dificuldades específicas susceptíveis de lhe limitar a actividade ou restringir a participação na vida social, económica e cultural". (referência: SNRIPD)
É importante garantir o acesso aos equipamentos, produtos e serviços, de forma a assegurar o exercício de cidadania e de autonomia às pessoas com deficiência.

O "Plano Nacional de Promoção da Acessibilidade" (PNPA), uma recente resolução do Conselho de Ministros (nº 9/2007 de 17 de Janeiro de 2007), propõe um conjunto de medidas para proporcionar autonomia, participação social e igualdade de oportunidades às pessoas com mobilidade condicionada ou dificuldades sensoriais. Estas medidas visam a construção de um sistema global coerente e homogéneo de acessibilidade que tem como objectivo primordial o combate à exclusão e discriminação.

O nosso trabalho, relacionando-o com a vertente do curso - Comunicação Multimédia, é dar especial atenção à Acessibilidade para a Web. Estas questões envolvem pessoas com necessidades especiais, idosas ou com alguma deficiência, nomeadamente as que apresentem dificuldades:
  • na respectiva leitura de informação - por deficiência na visão ou dificuldade em movimentos precisos, acções simultâneas ou com dispositivos apontadores (ratos);
  • na pesquisa e obtenção da informação - necessitam de interfaces auditivos, visuais ou tácteis que o permitam, de sites construídos de acordo com as Directrizes de Acessibilidade ao Conteúdo Web do Consórcio World Wide Web (W3C).
Um outro conceito inerente a estas matérias é o de "Design Universal", da Universidade Estatal da Carolina do Norte, nos Estados Unidos da América. As suas investidas visam "desenvolver teoria, princípios e soluções físicas, quer se trate de edifícios, áreas exteriores, meios de comunicação ou ainda de móveis e utensílios domésticos". Os lemas do Design Universal são "status iguais, tratamento e méritos iguais" (SNRIPD).

Nas Faculdades este trabalho reveste-se de grande importância devido ao número crescente entrada de alunos com Necessidades Educativas Especiais (NEE) para o ensino superior. Estes alunos precisam de variadas adaptações curriculares:
  • dos planos de estudos;
  • das estratégias pedagógicas nas unidades curriculares;
  • dos conteúdos;
  • dos objectivos;
  • dos instrumentos de avaliação;
  • dos prazos em função da capacidade de resposta do aluno;
  • da eliminação de conteúdos;
  • de instrumentos de avaliação.
"Estes estudantes podem usufruir de condições especiais como prazos alargados para a entrega de trabalhos escritos, tempo extra na realização de provas escritas presenciais, provas adaptadas à condição de cada um, como também terem a possibilidade de respostas sob forma não convencional como por registo áudio, braille, ditado, registo informático (computador pessoal ou da instituição)" (em "Acessibilidade » Hardware e Software").

A nível de equipamentos, as pessoas com necessidades educativas especiais precisam de dispositivos que lhes facultem a utilização do computador, dependendo da deficiência que cada um tem.


A. Hardware

1. Equipamentos para Deficiência Visual
  • Monitor de grandes dimensões;
  • Linha Braille;
  • Impressora Braille;
Imagem: http://www.lerparaver.com

  • CCTVs (Lupa TV);
  • Braille n'Speak;
  • Transcritor braille.
2. Equipamentos para Deficiência Motora
  • Ponteiro de Cabeça (Headtracker);
  • Tracker (Apontador);
  • Eyetracker;
  • Interruptor mecânico de sopro ou de som;
  • Foot-Control;
  • Trackball;
  • Joystick;
  • Manípulo de mercúrio;
  • Manípulo de pressão;
  • Manípulo por infravermelhos, com e toque;
  • Sensor Switch;
  • Sensitrac;
  • Slim Armstrong.
Imagem: http://www.esu1.org

3. Equipamentos para Deficiência Auditiva
  • Legendagem.

4. Outros Equipamentos de Relevo
  • Teclados de Conceitos;
  • OCRs.
B. Software

1. Programas para Deficiência Motora;

O software deve assegurar a interacção:
  • sem o rato (dispositivo apontador);
  • sem o teclado;
  • sem movimentos precisos;
  • sem a necessidade de efectuar acções simultâneas;
  • sem limitações no tempo de resposta.
2. Programas para Deficiência Visual;
Os mais eficazes são os leitores de ecrã, que não exigem o recurso à visão. O leitor envia a informação que está no ecrã para um sintetizador de fala ou terminal braille. O mais utilizado em Portugal é o JAWS. Outros bastante utilizados são o Windows-Eyes e o Virtual Vision.
O Jaws tem incorporado o sintetizador de voz Eloquence. Existem ainda outros: Text2Speech e o DOSVOX.


Numa análise mais específica às questões relacionadas com Hardware e Software na FLUP e na FEUP, é possível retirar diversas conclusões (em "Acessibilidade » Hardware e Software"):
  • a FLUP acolhe mais alunos com Necessidades Educativas Especiais por ano que a FEUP;
  • a FLUP é a faculdade com melhores condições da Universidade do Porto para acolher estes alunos;
  • entrada de alunos com NEE aumenta a cada ano que passa.
No que diz respeito ao tipo de deficiência registado em cada Faculdade, podemos concluir que:
  • na FEUP predomina a Dislexia;
  • na FLUP a Dislexia é a que apresenta os valores mais baixos;
  • na FLUP predominam os alunos com deficiências visuais e motoras, embora a entrada de alunos com deficiência visual tenha decrescido ligeiramente ao longo dos anos;
  • na FLUP a entrada de alunos com deficiência motora tem registado uma ligeira subida ao longo dos anos.
Quanto aos género dos estudantes com NEE, constatou-se que:
  • na FEUP a maioria dos alunos portadores de deficiência são do sexo masculino;
  • na FLUP não existe grande diferença entre o sexo masculino e o feminino, contudo, os alunos com NEE do sexo feminino são mais três que os masculinos.
Perante todas estas dificuldades registadas, a FLUP disponibiliza as seguintes ajudas técnicas:
  • 7+2 Computadores (portáteis + de secretária);
  • duas impressoras braille (Everest e Porta-thiel);
  • dois transcritores braille (TATAIB e WinBraille);
  • um CTV (lupa de TV);
  • um software de ampliação (Magic);
  • um software de leitura de ecrã (JAWS);
  • uma linha braille de 40 caracteres;
  • um OCR (OpenBook);
  • um assistente pessoal (para tirar notas em sala de aulas, apoio na deslocação dentro da instituição);
  • um técnico de mobilidade, uma terapeuta da fala e aquisição de equipamentos específicos;
  • atendimento personalizado na cantina da faculdade;
  • quatro lugares de estacionamento exterior;
  • podem circular por todo o edifício e têm apenas restrições parciais a algumas valências e serviços;
  • têm algumas dificuldades de acesso à biblioteca, laboratórios e plataformas elevatórias e todas as condições no acesso ao estacionamento.


Achei pertinente realizar este levantamento antes de iniciar o projecto como forma de indicação e
avaliação das iniciativas já criadas e bibliografia existente.

0 comentários: